domingo, 31 de julho de 2011

Usinas nucleares no país do carnaval

        Depois da tragédia de Fukushima, e de há alguns anos (nem tão distantes assim) de Chernobyl, com sua cidade até hoje fantasma, o Brasil ainda quer andar  na contramão da lógica e parece não desistir das usinas nucleares.
E um país onde a única coisa que é levada a sério, tanto pelas autoridades, quanto pela própria população,  é o carnaval e futebol, e tudo o mais - educação, saúde e até coisas primárias como saneamento básico - é relegado a décimo plano, não é crível que tenhamos competência para voos mais altos e audaciosos como a energia nuclear.
       Com um litoral tão extenso e sol praticamente o ano inteiro, porque ninguém, nem governo, nem companhias privadas, investe em energia eólica ou em energia solar, como acontece com muitos países na Europa? Quem ganha com o descaso? Sabemos todos que alguém ganha com a incompetência e  a ingerência de um governo inepto. Sabemos também quem perde e somos todos nós, e apesar disso, continuamos fingindo que nada acontece.
       A população não se mobiliza a não ser quando seu time de futebol favorito perde, e todos vão, organizados que são, ao aeroporto jogar pipoca, ameaçar e xingar os jogadores. Porque essas mesmas pessoas não se mobilizam e vão a Brasília protestar contra o mensalão, os anões do orçamento, e tantos outros escândalos?
        A única coisa que nos tira o sono é a vontade de saber qual será o campeão da libertadores ou qual será o samba-enredo da nossa escola de samba favorita no próximo carnaval: danem-se os idosos morrendo nas macas nos corredores dos hospitais, as escolas sem teto, os postos de saúde sem médico e fingido que atendem a população, as crianças que pedem esmolas nos semáforos, afinal, o que importa mesmo é a Estação Segunda do Pereira ser a campeã no desfile do próximo ano.  Nos vemos no próximo carnaval.


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